Trechos de livros / 3 on 30

Seguindo firme na missão de tardar, mas não falhar, este é o segundo post do desafio 3 on 30. No primeiro post eu expliquei pra vocês como o desafio nasceu e quais foram as fotos que separei para o o tema que escolhemos. 

Nesse mês, eu caí nas garras da minha própria ambição: sugeri para as meninas que tirássemos fotos baseadas em trechos de livros. O que acabou sendo um tiro no pé, porque 1) essa é uma proposta que, por mais legal que seja, é bem complicada de se cumprir e 2) esse mês foi um tanto complicado pra mim (aka inferno astral existe e eu posso provar).

Antes de ir para as fotos e quotes do desafio, queria que vocês reparassem nesse layout MARAVILHOSO que estamos usando. Como não podia ser diferente, ele é obra da Gabi Melo - e eu super recomendo que vocês visitem o blog dela (pois maravilhoso) e os layouts que ela vende no etsy (pois também maravilhosos e bem diferentes dos layouts padrãozinho e caríssimos que costumam fazer sucesso por lá). Eu não canso de dizer o quanto a Gabi é criativa e inspiradora. Enalteçam o trabalho dessa mulher! 

Agora sim, vamos às fotos :)


— Está vendo isto, Cimi? Por cada mãe que amaldiçoou Deus pelo filho morto na estrada, por cada pai que amaldiçoou o homem que o despediu da fábrica e o deixou sem trabalho, por cada criança que nasceu para sofrer e pergunta por quê, esta é a resposta. Nossas vidas são como essas coisas que construo [castelos de cartas]. Às vezes elas caem por alguma razão, às vezes caem por absolutamente nenhuma razão. 
Carlocimi Dretto considerou aquele o mais profundo depoimento que já ouvira sobre a condição humana.

Esse trecho pertence ao livro A Escolha Dos Três (segundo livro d'A Torre Negra), do Stephen King. É uma das minhas quotes preferidas da vida. Logo que pensei no desafio, pensei em como conseguiria representar esse trecho em uma foto - e creio que talvez tenha falhado miseravelmente (provavelmente porque as únicas cartas de baralho que eu tinha à mão eram essas com desenhos fofinhos das princesas Disney).

Pra tentar remediar isso, vou usar o comentário que minha amiga Beatriz fez sobre a foto: "seria muito louco se essa princesa fosse no mal.. as cartas em baixo iam ficar parecendo um cemitério de princesas".Vamos acreditar na interpretação dela.


Esse espaço fechado, recortado, vigiado em todos os seus pontos, onde os indivíduos estão inseridos num lugar fixo, onde os menores movimentos são controlados, onde todos os acontecimentos são registrados, onde um trabalho ininterrupto de escrita liga o centro e a periferia, onde o poder é exercido sem divisão, segundo uma figura hierárquica contínua, onde cada indivíduo é constantemente localizado, examinado e distribuído entre os vivos, os doentes e os mortos - isso tudo constitui um modelo compacto do dispositivo disciplinar. A ordem responde à peste [...] Ela prescreve a cada um seu lugar, a cada um seu corpo, a cada um sua doença e sua morte, a cada um seu bem, por meio de um poder onipresente e onisciente que se subdivide ele mesmo de maneira regular e ininterrupta até a determinação final do indivíduo, do que o caracteriza, do que lhe pertence, o do que lhe acontece.

Nesses últimos meses, aconteceram várias coisas incomuns na minha vida. Uma delas foi que eu viajei de avião pela primeira vez: fui para Curitiba, apresentar um resumo expandido em um congresso. O trabalho era sobre presidiárias (mesmo tema da minha dissertação) e uma das leituras obrigatórias para quem estuda esse tema é o Vigiar e Punir, do Focault. Quando o avião fez uma ponte no aeroporto de Congonhas, foi impossível não olhar para essa torre e lembrar do panoptismo (se você não conhece essa teoria, esse texto bem pequenininho explica bem a ideia).

Essa é a foto que melhor representa a minha viajem e esse momento da minha vida. Estudar a prisão, olhar o mundo com outros olhos e ter a oportunidade de fazer coisas que, normalmente, eu não faria. Ainda não estou certa sobre ter escolhido a ~vida acadêmica, mas posso dizer que esses poucos meses de mestrado me mudaram muito. Espero que para melhor.


Mais cedo ou mais tarde, até mesmo o mais sólido dos caixões acaba se rompendo e deixando a vida entrar para se alimentar da morte.
Essa é a foto que me fez ter a ideia do tema do desafio desse mês. Eu estava lendo o Escuridão Total Sem Estrelas (Stephen King vai dominar esse blog) - que recomendo muito por sinal - quando vi essas formigas carregando uma barata morta. Sim, eu sei, é um pouco creepy etc. Mas me fez pensar em como baratas são, ao mesmo tempo, imponentes e decadentes. Uma coisa que coloca medo e asco em tanta gente, e que exerce tanto poder por meio desse medo, mas que, ao mesmo tempo, é tão frágil e insignificante como todas as outras coisas que habitam a terra. Achei poético.

Sei lá, gente, eu tenho pensamentos estranhos.

Enfim, esse foi o 3 on 30 (postado com mais de 25 dias de atraso, veja bem). Me digam nos comentários o que vocês acharam das fotos e dos trechos. Ah, e se vocês gostam de colecionar trechos de livros, me sigam no Another's Little Lapses, tumblr onde eu posto trechos de livros que estou lendo.

E não deixe de visitar as meninas que também participam do projeto!
AnaManuMia

Comentários

  1. Meu deus, achei essa foto da barata bem forte hauhauha
    E amei a combinação dos trechos com as fotos!

    Com amor, ♥ Bruna Morgan

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